segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma Singela Homenagem


Parece inevitável não chorar quando quem amamos se vai para não mais voltar, e não necessariamente esse ser deve ter alma humana.

Esses dias me vi em lágrimas, por um animal que tinha para mim o maior valor do mundo. Eu o amava e ainda o amo, e esse sentimento vai perdurar para sempre em mim.
Quando ele chegou à minha vida, eu tinha onze anos, e ele apenas alguns meses. Era o cachorro mais fofo que eu já havia visto, e apesar de ser vira-lata, não o trocaria por cachorro de raça alguma. Apesar da forma como morreu, teve uma vida plena e feliz.
Era livre, não gostava de ser preso, adorava passear pelas ruas, como se fosse dono delas, mas sempre voltava pra casa, em busca do que ele mais tinha, amor e carinho.
O dia era 10, o mês novembro, e o ano 2010. Acordei e ainda não o tinha visto, ele saíra como de costume, e depois chegara junco com a minha irmã. Não percebi sua presença no quintal e chamei-o por várias vezes, mas ele não vinha.
Minha mãe foi procurá-lo, e voltou. Me pediu para não chorar, para não ficar triste, foi então que percebi, estava morto. Alguém que com toda certeza não tem um coração bom lhe dera comida envenenada, e ele que adorava comer, deve ter voraz-mente engolido, não sabendo que ali estava a sua morte.
Foram sete anos de vida. Viveu, correu, brincou, pulou, lambeu e foi feliz.
Billy, e eu, gostava tanto de de você..!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vida vazia


Era uma garota simples, nada lhe abalava com facilidade. Vivia uma vida que não era triste, e tão pouco feliz. Achava-se feia, não era. O pai era frio e pouco falava com ela, a mãe só se preocupava com suas futilidades bobas, e ela sentia-se só mesmo com muita gente ao seu redor.
Queria sentir novos sentimentos, mas tinha medo, medo do novo, medo de tudo. Não tinha amigos, aprendera a ser solitária e conviver apenas com seus pensamentos. A única coisa que lhe sobrara, era deixar os olhos se preencher com as lágrimas, e deixá-las rolar quando se sentia triste.
Seu nome? Não sei. Ninguém sabia, sabiam somente que era para todos à Isolada, àquela que não chegava perto de ninguém, e não deixava que se aproximassem dela. Queria muita coisa, não tinha nada. Às vezes queria sorrir, mas somente sofria, não sabia o porquê de tanta falta de felicidade.
Certo dia viu uns remédios que sua mãe deixara sobre uma escrivaninha e fora ver de que se tratava. Era um medicamento fortíssimo, calmante tarja preta que ela usava nas noites de insônia. Decidira então que queria dormir, dormir pra sempre. Tomou então toda a caixa de calmantes, mas antes de fechar os olhos para toda a eternidade deixou uma simples e breve cartinha:
-Mãe e Pai, deixo-lhes essa carta para que saibam o que aconteceu comigo. Queria que vocês me amassem e tivessem muito orgulho de mim, mas isso nunca aconteceu.
Em dezesseis anos da minha vida nunca tive amigos, nunca me senti amada por ninguém, e nunca fui feliz. Amo-os muito e não quero que sofram, mas eu já não agüentava mais essa vida que vinha levando. Sem amigos sem, sem amor, sem diálogo, sem nada. A cada dia que passava, sentia na minha existência uma ausência. Agora resolvi e sei que não tem mais volta. Já tomei todos os calmantes, e sinto a minha vida se esvair do corpo já cansado e pesado. Se vai agora para nunca mais voltar uma vida vazia.