segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aqueles Olhos


Seu Antônio estava sentado em sua cadeira de balanço e fumado o seu charuto como costumava fazer todos os dias. Morava sozinho numa vila velha e calma. Há trinta anos comprara aquela casa e sempre vivera sozinho.
Seus vizinhos nunca souberam de fato a sua história. Seu Antônio era um homem fechado, e falva quase nada de seu passado. Aqueles olhos azuis profundos e já enrugados pela idade, não escondiam a dor de um passado triste e isolado, ao qual seus pensamentos sempre visitavam.
Favala pouco com outras pessoas, um bom dia ou boa tarde, e saia somente para comprar alimentos e outros itens de sobrevivência. Comprava somente o básico, não gostava de gastar com que achava superfulo. Suas roupas há muito tempo não se via igual, eram velhas e totalmente ultrapassadas. Eram roupas do tempo em que era feliz.
Todos os dias sentado ali naquela cadeira, pensava em Carmem, a mulher que amou e ainda amava. Lembrava-se perfeitamente de seus olhos claros e lábios delicados. Sua filha também vinha em seu pensamento com sorrissos e brincadeiras. Parece que ainda ouvia a pequena Ana o chamando pela primeira vez de papai.
Mas sua relação com Carmem não era só de amor, brigavam frequentemente e por muitas vezes ele descontara sua raiva na pequena Ana. Só não podia esperar pelo fato que viria logo após a última briga do casal.
Carmem saiu de casa atordoada com Ana nos braços jurando nunca mais voltar, e foi o que aconteceu. Foram pegas de surpresa por três asaltantes que apavorados com a chegada da polícia lhe deram tiros verteiros.
Seu Antônio por meses ficou em depressão, até decidir mudar-se para longe a se isolar do mundo. Nunca esqueceria aquela dor, nunca esqueceria aqueles olhos!


"O amor é como o ar, tão natural que não percebemos quando respiramos, mas tão essencial que só o valorizamos quando o perdemos!"

O Sonho de Dominique


Já era tarde e todos dormiam, porém Dominique não conseguia pregar os olhos. seria mais uma noite de insônia imaginando o dia em que conheceria o seu príncipe encantado, o homem dos seus sonhos. Queria mais que tudo casar-se, mas nunca havia lhe aparecido pretendente algum.

Todos diziam que já estava ficando "passada" para casar-se, já que nos anos 50, as moças se casavam muito jovens e ela aos 26 ainda não havia namorado, e nem ao menos sido beijada.
Dominique era prendada, meiga e muito educada, desejava ser uma ótima dona de casa.Tinha cabelos e olhos escuros, pele clara e traços delicados, mas não era bonita e sofria muito ao ver suas amigas lindas e cheias de pretendentes, e para ela não sobrava nada além de sonhos. Não dizia a ninguém o que sentia vendo suas amigas pouco a pouco deixando a casa onde moravam com seus pais para se casarem e construírem suas próprias famílias.
Aos poucos Dominique foi deixando de lado seus sonhos, mas o golpe fatal para seu pobre coração foi ver e ser madrinha do casamento de sua melhor amiga com o homem que sempre amou em segredo. Nunca havia sentido uma sor tão forte no peito.
A tristeza se abateu sobre a moça que antes tinha sempre um sorriso nos lábios. Seus dias foram ficando vazios, seu olhar cada vez mais vago. Seus pais a levaram ao médico que não viu nada de errado com ela e receitou-lhe apenas umas vitaminas, Dominique porém, não estava doente do corpo, estava doente da alma!
Dias depois, sua mãe achou estranho o fato de Dominique estar na cama até tarde e resolveu lhe chamar, mas quando adentrou ao quarto viu Dominique imóvel em sua cama sem respirar.
Chegava ao fim uma vida que fora cheia de esperanças, de quem amou e não foi amada, de quem queria apenas ser feliz e não foi!